Suíça e América Latina, unidas por projetos sustentáveis
Com projetos já em andamento no Peru, na Argentina, na Colômbia ou no Brasil, são cada vez mais as iniciativas “verdes” ou sustentáveis que unem o governo, as fundações ou as empresas suíças com a região.
Em 20 de outubro, a Suíça e o Peru assinaram um acordo entre ambos os países para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e para lutar contra o impacto da mudança climática. O acordo bilateral peruano-suíço é o primeiro de seu tipo a ser adotado, em nível mundial, no que tange ao artigo 6 do Acordo de Paris, o qual contempla a cooperação voluntária entre países para o avanço de um desenvolvimento limpo.
“Frutífero diálogo telefônico hoje com o Peru,” escreveu Sommaruga em um perfeito espanhol em sua conta do Twitter, após uma conversa com o presidente peruano. “Estamos orgulhosos pelo acordo climático negociado entre nossos países”.
O anúncio foi apenas um dos últimos de uma longa série de projetos sustentáveis que unem o governo ou as instituições suíças com a América Latina.
Frio e calor mais eficientes
As estratégias para mitigar os efeitos da mudança climática são bem diversas e, com freqüência, originais. Em junho de 2019, a Colômbia finalizou a primeira fase do projeto de distritos térmicos. O que é um distrito térmico? Basicamente, é uma central capaz de abastecer de refrigeração ou de calefação várias edificações em um determinado espaço.
Pelo fato de não depender do uso independente de cada residência ou empresa, o consumo de energia é reduzido significativamente, beneficiando tanto os usuários como as cidades em seu conjunto, contribuindo desse modo para o planejamento urbano sustentável.
A primeira parte do projeto finalizou com a entrega oficial da Suíça à Colômbia do Distrito Térmico do Centro Administrativo La Alpujarra para Empresas Públicas de Medellín (EPM). Foi o resultado de uma parceria entre o Ministério do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a Embaixada da Suíça - Programa de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico (SECO) e EPM. A segunda fase contará com novos aliados para buscar replicar a experiência em outros cidades como Cartagena, Cali, Bucaramanga, Villavicencio e Bogotá.
“O papel da cooperação econômica suíça consiste em proporcionar sua experiência de mais de 100 anos na implantação e no funcionamento de cerca de 150 distritos térmicos”, explicaram fontes do Ministério do Ambiente da Colômbia.
Moradias sustentáveis e pneus reutilizados
Na Argentina, a empresa suíça Holcim encontrou uma maneira original de contribuir para a melhoria da qualidade ambiental: premiar o melhor projeto de moradia acessível. O concurso lançado por esta companhia, com sede em Zurique, buscou através de um concurso premiar as melhores iniciativas que, graças à inovação, tenham conseguido reduzir os custos de construção, mantendo em destaque os aspectos culturais, sociais e ambientais.
A empresa também promove iniciativas de economia circular como o “Pneumatón”, uma maratona de coleta de pneus fora de uso, envolvendo vizinhos, ONGs, instituições e governos locais. Após a coleta, são encaminhados às plantas de co-processamento como as que Holcim possui em Capdeville, na província de Mendoza.
Plantar árvores, reduzir emissões
A Argentina e a Colômbia também são sedes de outro ambicioso projeto, impulsionado, neste caso, pela empresa suíça Novartis.
Dentro de suas propostas de sustentabilidade ambiental, a companhia lançou um projeto florestal que implica o plantio de mais de três milhões de árvores de espécies nativas e comerciais em El Manantial, localizado em Meta, uma das localidades mais afetadas pelo conflito armado na Colômbia. A Novartis acredita que a plantação de espécies como acácia, seringueira, pinheiro e eucalipto contribuirá não apenas para a preservação do meio ambiente, mas também para a geração de postos de trabalho na região. Para o ano de 2021, espera-se que o projeto possa gerar 300 empregos diretos.
Na Argentina, um projeto florestal chamado Santo Domingo já ajudou a reduzir 450 mil toneladas de dióxido de carbono. É o primeiro e único projeto florestal do país a certificar a captura da pegada de carbono mediante um mecanismo de desenvolvimento limpo contemplado no Protocolo de Quioto.
Localizado na província de Corrientes, trata-se de um impressionante campo de plantação florestal: 24 por cento da totalidade de sua superfície estão cobertas por reservas de bosques nativos, pastagens e vertentes naturais de água. Mediante este projeto, a Novartis busca reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e os resíduos recicláveis não operacionais em 30 por cento, comparado com uma década atrás.
Projetos que mudam a vida
Desde 1994, a fundação suíça Avina tem contribuído para o desenvolvimento sustentável e há quase duas décadas está presente na América Latina. A Fundação Avina busca as melhores oportunidades para promover a sustentabilidade na região, mediante o que denomina como processos colaborativos de mudança.
Concentrado em programas de acesso à água, de reciclagem inclusiva e de proteção de biomas e ecossistemas, ultimamente a Fundação Avina tem desenvolvido programas em países como Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Guatemala, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.
Os programas conduzidos pela fundação são bem variados e um exemplo concreto ajuda a ilustrar seu impacto. Graças à construção, aperfeiçoamento e ampliação de sistemas de abastecimento de água e redes de distribuição, a Parceria Água + Acesso, coordenada pela Fundação Avina, permitiu o acesso à água potável e de qualidade a 36.981 pessoas de 96 comunidades dos estados de Piauí, Pernambuco, Ceará, Bahia, Pará, Amazonas e Espírito Santo, no Brasil. É só uma amostra do que o desenvolvimento e a sustentabilidade na região são capazes de fazer quando caminham juntos.